sexta-feira, 15 de julho de 2011

ESCASSEZ - Gastão Cruz

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Às vezes despedimo-nos tão cedo
que nem lágrimas há que nos suportem o
peso da voz à solidão exposta
ou
de lisboa no corpo o peso triste

Às vezes é tão cedo que nos vemos
omitidos
enquanto expõe
o peso insuportável do amor
a despedida

É tão cedo por vezes que lisboa
estende sobre os corpos o desgosto

Com os dedos no crânio despedimo-nos


ORGÃO DE LUZES, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1990

1 comentário:

Unknown disse...

Uma partilha de palavras...:)

deixei de ter lágrimas transparentes
quando as tenho borro-as de cor
na esperança que se vejam

deixei de ter lágrimas transparentes
transformam-se em nós de garganta
deixei que os meus olhos vivessem

deixei que o transparente de sal
se torna-se um pedregulho
enrolado em mim

deixei que me tirassem as lágrimas
que me pintassem portas amarelas
que esborratassem escadas
para eu as poder passar

deixei de ter lágrimas transparentes

e o susto
assim
tão de repente
mostra que a garganta é salina
hoje
quero
que o transparente me acorde

deixei que me tirassem as lágrimas
que mas pincelassem de cor
deixei que me pintassem os rios

subo escadas que não são
entro em portas que não estão

deixei de ter lágrimas transparentes


Teresa Maria Queiroz - Junho 2011
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