"Lillias extinguia dentro de si mesma a vigilância de que precisara para fazer o caminho até ali. E aquela fraqueza que a tomava, em vez de a assustar, trazia o embalo da sua infância ao colo de Margaret. «Que nome tem vossemecê?»
- Blimunda - disse a mulher. - Blimunda Sete-Luas.
- É um bonito nome - disse Lillias. Quis pegar-lhe na mão, porém Blimunda já não estava a seu lado. O próprio fogo se tornava invisível, devagar.
Lillias sentiu os olhos de Blimunda e acordou. Ela sorria-lhe outra vez. «A criança está bem. De hoje em diante, eu tomo conta de vocês as duas.»
- Que criança, senhora? - disse Lillias.
- A que tu, Lillias Fraser, vais parir.
- Como pode sabê-lo?
- Vejo dentro do corpo das pessoas quando estou em jejum - explicou Blimunda.
- Eu vejo a morte - disse Lillias.
Blimunda Sete- Luas inclinou-se e tocou-lhe com os dedos na camisa. «Então sou mais feliz que do que tu és. De hoje em diante só verei este menino.»
in LILLIAS FRASER, RELÓGIO D'ÁGUA, Lisboa, 2001
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