quarta-feira, 30 de novembro de 2011
FUMO AO ENTARDECCER
Depois de ter cheirado o perfume agridoce da morte,
depois de tantos corpos e paixões e sonhos.
olho agora, sobre a mesa, um copo vazio,
uns livros, papeis em desordem, velhas fotografias,
a luz do entardecer, apagando-se na janela.
Como numa natureza morta de Zurbarán
- a natureza morta, a natureza eterna -,
deixo-me viver já sem perguntas,
enquanto o fumo do cigarro desenha
todos os meus rostos: o que fui, o que sou,
o que serei, no frágil e caprichoso tempo.
Juan Luis Panero
Poemas, tradução e prefácio de Joaquim Manuel Magalhães, Relógio D'Água, Lisboa, 2003
Depois de ter cheirado o perfume agridoce da morte,
depois de tantos corpos e paixões e sonhos.
olho agora, sobre a mesa, um copo vazio,
uns livros, papeis em desordem, velhas fotografias,
a luz do entardecer, apagando-se na janela.
Como numa natureza morta de Zurbarán
- a natureza morta, a natureza eterna -,
deixo-me viver já sem perguntas,
enquanto o fumo do cigarro desenha
todos os meus rostos: o que fui, o que sou,
o que serei, no frágil e caprichoso tempo.
Juan Luis Panero
Poemas, tradução e prefácio de Joaquim Manuel Magalhães, Relógio D'Água, Lisboa, 2003
MARIANNE FAITHFULL/THERE IS A GHOST
A cidade anoitece e as ruas
enchem-se de quem só vive
para noitadas e engates. Este café
em plena Baixa, recolhe
os que procuram ficar sós.
O mundo conta-nos histórias
de príncipes encantados,
bonitos e bons amantes.
João Borges
As Sombras de um Corpo Só, Lisboa 2011
A cidade anoitece e as ruas
enchem-se de quem só vive
para noitadas e engates. Este café
em plena Baixa, recolhe
os que procuram ficar sós.
O mundo conta-nos histórias
de príncipes encantados,
bonitos e bons amantes.
João Borges
As Sombras de um Corpo Só, Lisboa 2011
Os livros que nunca lemos
"Quando um dia, numa entrevista, perguntam a Borges quem era ele, respondeu que era todos os livros que lera. Eu quero crer que somos todos os livros que lemos mas igualmente os que não lemos.
(...) Às vezes pergunto-me quem raio seria eu, se em vez de ter lido os livros que li, tivesse antes lido os que não li.
Provavelmente cruzar-me-ia comigo na rua e não me reconheceria."
Manuel António Pina
(...) Às vezes pergunto-me quem raio seria eu, se em vez de ter lido os livros que li, tivesse antes lido os que não li.
Provavelmente cruzar-me-ia comigo na rua e não me reconheceria."
Manuel António Pina
sábado, 19 de novembro de 2011
INÊS LEITÃO
O meu corpo é a minha companhia.
( a partir da obra da pintora Graça Martins)
O meu corpo é a minha companhia
do cheiro dos meus dedos
ao desenho do mundo,
curva silenciosa da minha sobrancelha.
O meu corpo é a minha companhia
das unhas pequenas às coxas empurradas
pela gordura da carne,
antigo refego de barriga.
O meu corpo é a minha companhia
dos pêlos das minhas pernas
até à boca do meu corpo
posicionada pela natureza do meu género
entre as pernas
e cosida à nascença pela minha mãe.
O meu corpo é a minha companhia
quando o profano com outros corpos
e ele em silêncio se procura inteiro
na serenidade da frescura da manhã.
O meu corpo é a minha companhia
quando ao repousar o fogo me guia
e dessa certeza nasce poesia.
O meu corpo é a minha companhia
O meu corpo é a minha companhia.
O meu corpo é a minha companhia.
( a partir da obra da pintora Graça Martins)
O meu corpo é a minha companhia
do cheiro dos meus dedos
ao desenho do mundo,
curva silenciosa da minha sobrancelha.
O meu corpo é a minha companhia
das unhas pequenas às coxas empurradas
pela gordura da carne,
antigo refego de barriga.
O meu corpo é a minha companhia
dos pêlos das minhas pernas
até à boca do meu corpo
posicionada pela natureza do meu género
entre as pernas
e cosida à nascença pela minha mãe.
O meu corpo é a minha companhia
quando o profano com outros corpos
e ele em silêncio se procura inteiro
na serenidade da frescura da manhã.
O meu corpo é a minha companhia
quando ao repousar o fogo me guia
e dessa certeza nasce poesia.
O meu corpo é a minha companhia
O meu corpo é a minha companhia.
O meu corpo é a minha companhia.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
ANNA AKHMATOVA
(Sobre os anos 10)
E nenhuma infância cor-de-rosa...
Nem pequeninas sardas, nem ursinhos, nem aneis de cabelo,
Nem tias bondosas, nem tios aterradores, nem mesmo
Amigos entre pequenas pedras do rio.
A mim própria desde o próprio início
O sonho de alguém parecia ou o delírio,
Ou o reflexo em espelho alheio,
Sem nome, sem carne, sem razão.
Já sabia a lista dos crimes
Que devia cometer.
E eis que, andando qual sonâmbula,
Entrei na vida e assustei a vida:
Diante de mim estendia-se como um prado,
Onde outrora passeava Proserpina,
Diante de mim, sem raizes, sem jeito,
Abriram-se portas inesperadas,
E saíam gentes e gritavam:
«Ela chegou, ela por si própria chegou!»
Mas eu olhava-os com espanto
E pensava:«Perderam o juízo!»
E quanto mais me elogiavam,
Quanto mais me admiravam,
Mais medo me dava neste mundo viver
E mais me apetecia despertar,
E sabia que pagaria muito caro
Na prisão, no túmulo, no manicómio,
Em qualquer lugar onde devem acordar
Os como eu - mas continuava a tortura da felicidade.
4 de Julho de 1955
Tradução do russo selecção e notas de Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev, Cotovia, 1992
E nenhuma infância cor-de-rosa...
Nem pequeninas sardas, nem ursinhos, nem aneis de cabelo,
Nem tias bondosas, nem tios aterradores, nem mesmo
Amigos entre pequenas pedras do rio.
A mim própria desde o próprio início
O sonho de alguém parecia ou o delírio,
Ou o reflexo em espelho alheio,
Sem nome, sem carne, sem razão.
Já sabia a lista dos crimes
Que devia cometer.
E eis que, andando qual sonâmbula,
Entrei na vida e assustei a vida:
Diante de mim estendia-se como um prado,
Onde outrora passeava Proserpina,
Diante de mim, sem raizes, sem jeito,
Abriram-se portas inesperadas,
E saíam gentes e gritavam:
«Ela chegou, ela por si própria chegou!»
Mas eu olhava-os com espanto
E pensava:«Perderam o juízo!»
E quanto mais me elogiavam,
Quanto mais me admiravam,
Mais medo me dava neste mundo viver
E mais me apetecia despertar,
E sabia que pagaria muito caro
Na prisão, no túmulo, no manicómio,
Em qualquer lugar onde devem acordar
Os como eu - mas continuava a tortura da felicidade.
4 de Julho de 1955
Tradução do russo selecção e notas de Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev, Cotovia, 1992
INÊS LEITÃO
Cartas a S.
(carta nº 1, a última)
Afoguei o que restava das nossas memórias num balde água quente. A paciência de um afogamento individual,
quieto
tranquilo
de memória a memória
(uma a uma,
dor a dor)
até ao alinhamento rigoroso de todos esses pequenos cadáveres retirados mortos do balde,
mortos
molhados
quentes
deitados em fila no chão da cozinha até à solenidade do seu enterro.
E estranhamente.
Tão estranhamente, toda a água que escaldava no balde e me ajudava a cada execução por afogamento, não terá sido suficiente para me queimar as mãos.
Não vejo queimaduras. Não restam marcas.
No fundo, é como se nunca tivesse acontecido.
Afoguei o que restava das nossas memórias num balde água quente. A paciência de um afogamento individual,
quieto
tranquilo
de memória a memória
(uma a uma,
dor a dor)
até ao alinhamento rigoroso de todos esses pequenos cadáveres retirados mortos do balde,
mortos
molhados
quentes
deitados em fila no chão da cozinha até à solenidade do seu enterro.
E estranhamente.
Tão estranhamente, toda a água que escaldava no balde e me ajudava a cada execução por afogamento, não terá sido suficiente para me queimar as mãos.
Não vejo queimaduras. Não restam marcas.
No fundo, é como se nunca tivesse acontecido.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
INGEBORG BACHMANN
MANOBRAS DE OUTONO
Não digo: foi ontem. Com insignificantes
trocos de Verão nos bolsos, estamos de novo deitados
sobre o joio do sarcasmo, nas manobras de Outono do tempo.
E a nós não nos é dada, como aos pássaros,
a retirada para o sul. À noite passam por nós
traineiras e gôndolas, e por vezes
atinge-me um estilhaço de mármore impregnado de sonho,
onde a beleza me torna vulnerável, nos olhos.
Leio nos jornais muitas notícias - do frio
e suas consequências, de imprudentes e mortos,
de exilados, assassinos e miríades
de blocos de gelo, mas pouca coisa que me dê prazer.
E porque havia de dar? Ao pedinte que vem ao meio dia
fecho-lhe a porta na cara, porque há paz
e podemos evitar essas, mas não
o triste cair das folhas à chuva.
Vamos viajar! Debaixo de ciprestes
ou de palmeiras ou nos laranjais, vamos
contemplar a preços reduzidos
inigualáveis pores-de-sol! Vamos esquecer
as cartas ao dia de ontem, não respondidas!
O tempo faz milagres. Mas se chegar quando não nos convém,
com o bater da culpa - não estamos em casa.
Na cave do coração, desperto, encontro-me de novo
sobre o joio do sarcasmo, nas manobras de Outono do tempo.
O tempo Aprazado, Assírio & Alvim, Lisboa, 1992
Não digo: foi ontem. Com insignificantes
trocos de Verão nos bolsos, estamos de novo deitados
sobre o joio do sarcasmo, nas manobras de Outono do tempo.
E a nós não nos é dada, como aos pássaros,
a retirada para o sul. À noite passam por nós
traineiras e gôndolas, e por vezes
atinge-me um estilhaço de mármore impregnado de sonho,
onde a beleza me torna vulnerável, nos olhos.
Leio nos jornais muitas notícias - do frio
e suas consequências, de imprudentes e mortos,
de exilados, assassinos e miríades
de blocos de gelo, mas pouca coisa que me dê prazer.
E porque havia de dar? Ao pedinte que vem ao meio dia
fecho-lhe a porta na cara, porque há paz
e podemos evitar essas, mas não
o triste cair das folhas à chuva.
Vamos viajar! Debaixo de ciprestes
ou de palmeiras ou nos laranjais, vamos
contemplar a preços reduzidos
inigualáveis pores-de-sol! Vamos esquecer
as cartas ao dia de ontem, não respondidas!
O tempo faz milagres. Mas se chegar quando não nos convém,
com o bater da culpa - não estamos em casa.
Na cave do coração, desperto, encontro-me de novo
sobre o joio do sarcasmo, nas manobras de Outono do tempo.
O tempo Aprazado, Assírio & Alvim, Lisboa, 1992
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
«Put off that mask of burning gold»
A MÁSCARA
«Tira essa máscara de ouro ardente
E olhos de esmeralda.»
«Oh não, meu amor, atreves-te demasiado
A ver se um coração é selvagem e sábio,
Sem ser frio.»
«Só quero ver o que houver para ver,
O amor ou o engano.»
«Foi a máscara o que ocupou a tua mente,
E fez bater o teu coração,
Não o que está por detrás.»
«Mas a não ser que sejas minha inimiga
Devo inquirir.»
«Oh não, meu amor, deixa tudo ser como é;
Que importa, se entretanto houver fogo
Em ti e em mim?»
W.B.Yeats, Uma Antologia, Assírio & Alvim, 1996, Lisboa
«Tira essa máscara de ouro ardente
E olhos de esmeralda.»
«Oh não, meu amor, atreves-te demasiado
A ver se um coração é selvagem e sábio,
Sem ser frio.»
«Só quero ver o que houver para ver,
O amor ou o engano.»
«Foi a máscara o que ocupou a tua mente,
E fez bater o teu coração,
Não o que está por detrás.»
«Mas a não ser que sejas minha inimiga
Devo inquirir.»
«Oh não, meu amor, deixa tudo ser como é;
Que importa, se entretanto houver fogo
Em ti e em mim?»
W.B.Yeats, Uma Antologia, Assírio & Alvim, 1996, Lisboa
sábado, 12 de novembro de 2011
(...) Quem não sabe ocultar não sabe amar: os dúplices e os sinceros, os ingénuos como os sabidos, todos os amantes devem subscrever a validade deste aforismo. O «conquistador» e o amante silencioso vivem duas experiências de dissimulação inversas: o conquistador formula sentimentos que a sua deontologia profissional lhe impede de experimentar, o amante sem «amo-te» cala os sentimentos que sente. A cada um seu disfarce: a tagarelice de um é estratagema de conquistador; o silêncio do outro recusa o destino conjugal que a linguagem atribui ao amor. O libertino dissimula as suas verdadeiras intenções através da linguagem. O amante que se recusa à confissão dissimula a sua vertigem pela linguagem porque sabe que a palavra de amor transforma em pedido a emoção que dele se apoderou. (...)
A Nova Desordem Amorosa, Pascal Bruckner, Alain Finkielkraut, Livraria Bertrand, 1981
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Cartas a S.
(carta nº1946)
Há uma liberdade na escrita da qual nunca te falei. É um composto. Como se num frasco, o mundo inteiro repousasse.
Mas não vamos falar disso hoje.
O T. hoje faz anos. Ias gostar de nos ver. Vamos ter uma festa, balões, bolos, cores, miúdos da idade dele a correr. Ele não sabe. Pensa que é só na escola.
Vamos ter fotografias parvas. Como nós no nosso tempo. Quando deitados no escritório, no quarto.
No tempo em que tu tinhas uma asa
(não um braço)
uma asa
tu tinhas uma asa e eu era qualquer coisa que essa asa arrastava para si e chamava de seu.
Ontem.
Falávamos da tua nova pequena família e eu invejei-te. Veio-me da ponta dos dedos. Perdoa-me. Vou cortá-los. Vou cortá-los ao dez porque ando perdida e os meus dedos não sabem reconhecer pessoas, nem mapas, nem casas, nem estradas, nem florestas assassinas ou territórios sagrados.
Os meus dedos nunca perceberam nada.
Inês Leitão
(carta nº1946)
Há uma liberdade na escrita da qual nunca te falei. É um composto. Como se num frasco, o mundo inteiro repousasse.
Mas não vamos falar disso hoje.
O T. hoje faz anos. Ias gostar de nos ver. Vamos ter uma festa, balões, bolos, cores, miúdos da idade dele a correr. Ele não sabe. Pensa que é só na escola.
Vamos ter fotografias parvas. Como nós no nosso tempo. Quando deitados no escritório, no quarto.
No tempo em que tu tinhas uma asa
(não um braço)
uma asa
tu tinhas uma asa e eu era qualquer coisa que essa asa arrastava para si e chamava de seu.
Ontem.
Falávamos da tua nova pequena família e eu invejei-te. Veio-me da ponta dos dedos. Perdoa-me. Vou cortá-los. Vou cortá-los ao dez porque ando perdida e os meus dedos não sabem reconhecer pessoas, nem mapas, nem casas, nem estradas, nem florestas assassinas ou territórios sagrados.
Os meus dedos nunca perceberam nada.
Inês Leitão
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
O POETA EVADIDO
Caiu mais um degrau
cerrou-se a cortina
Cesariny morreu
isso que interessa?
portugal não deita luto por poetas
está de nojo por si
e não sofre outros mortos
o cadáver pesa-lhe no arrasto
já lhe basta a sua cremação
clamar por defuntos
adicionando cestas de mirto
coroas de ligaduras
gordos pêsames de trampolim
enumerar quem ocorreu à urna
do poeta evadido
é coisa de jornais
a portugal sobra o arrestado tempo
a ínfima discórdia
sôfrega quimera tentando corrigir
artríticos motetes
ancorar o sem número de falhas
o sem número de redes
armar lázaros em jogadores de golfe
enxofres visam nos cotos
gangrenas terminais
próteses ganham ferrugem
nas repartições
canis cerceiam rasgos
desossam vocações
gestores espezinham
tão pobres armistícios
azedando no copo
tinge-se a nata
vira-se a tina
esgarra-se a toga
suja-se a mão
evade-se o poeta
e portugal cá fica
lambendo perras feridas
encosta-se às fracturas
e roça nas paredes onde escarram ANGST
enquanto espera
na sopa do sidónio.
Fátima Maldonado
VIDA EXTENUADA, Edições &etc, Lisboa, 2008
cerrou-se a cortina
Cesariny morreu
isso que interessa?
portugal não deita luto por poetas
está de nojo por si
e não sofre outros mortos
o cadáver pesa-lhe no arrasto
já lhe basta a sua cremação
clamar por defuntos
adicionando cestas de mirto
coroas de ligaduras
gordos pêsames de trampolim
enumerar quem ocorreu à urna
do poeta evadido
é coisa de jornais
a portugal sobra o arrestado tempo
a ínfima discórdia
sôfrega quimera tentando corrigir
artríticos motetes
ancorar o sem número de falhas
o sem número de redes
armar lázaros em jogadores de golfe
enxofres visam nos cotos
gangrenas terminais
próteses ganham ferrugem
nas repartições
canis cerceiam rasgos
desossam vocações
gestores espezinham
tão pobres armistícios
azedando no copo
tinge-se a nata
vira-se a tina
esgarra-se a toga
suja-se a mão
evade-se o poeta
e portugal cá fica
lambendo perras feridas
encosta-se às fracturas
e roça nas paredes onde escarram ANGST
enquanto espera
na sopa do sidónio.
Fátima Maldonado
VIDA EXTENUADA, Edições &etc, Lisboa, 2008
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Clarice Lispector
"Mas muito mais contente ainda ao me ocorrer que me chamam de escritora hermética. Como é? Quando escrevo para crianças, sou compreendida, mas quando escrevo para adultos fico difícil? Deveria eu escrever para os adultos com as palavras e os sentimentos adequados a uma criança? Não posso falar de igual para igual?"
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