A CIÊNCIA CONTINUA
Mudámos de ano, de década,
de século, de milénio
e não mudou nada:
a casa em frente é ainda bege,
a rua sinuosa
e as pessoas mascaradas.
O dia termina luminoso
no muro coberto de glicínias,
no passeio onde calcorreei
magma do cansaço.
A ciência continua, prolonga a vida
e invade os dias. Ainda não se descobriu
cura para o cancro
nem as pessoas estão confortáveis
com o silêncio
ou a realidade da morte.
Porto, 25 de Junho de 2010
O binómio de Newton & a Vénus de Milo, Edição Aletheia, Lisboa, 2011. Fundação Champalimaud
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