Recorda-me quando eu já tiver partido,
Partido longe adentro da terra silente,
Quando não mais a mão me possas dar,
Nem eu, semi-virar-me para ir, e ao virar-me ficar.
Recorda-me quando não mais, dia a dia,
Me contares o nosso futuro que planeaste:
Recorda-me apenas. Compreendes,
Já será tarde para dar conselhos ou rezar.
Porém, se por um momento me esqueceres
E depois recordares, não lamentes:
Pois se o escuro e a corrupção deixarem
Um vestígio dos pensamentos que uma vez tive,
É de longe melhor que esqueças e sorrias
Que por recordar entristeças.
Os Pré-Rafaelitas, antologia poética, Assírio&Alvim, 2005
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