Que todos somos diferentes, é um axioma da nossa naturalidade. Só nos parecemos de longe, na proporção, portanto, em que não somos nós.
A vida é, por isso, para os indefinidos, só podem conviver os que nunca se definem, e são, um e outro, ninguém.
Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo. O homem que sonha em cada homem que age , se tantas vezes se malquista com o homem que age, como não se malquistará com o homem que age e o homem que sonha no outro.
Somos forças porque somos vidas. Cada um de nós tende para si próprio como escala pelos outros.
Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"
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