domingo, 13 de janeiro de 2013

Poema de Isabel de Sá




ENFRENTAR A DOR


 
Ao reler os poemas à memória voltam
dias gloriosos, as canções com palavras
simples, a praia, o Inverno e as casas
- exististe em quase tudo e agora
é penosa a separação.
Dia a dia envelhecemos, estou morta
sob a luz da Primavera e não consigo
agarrar a minha vida. Há este abandono,
a sensação de ruína, a ferida implacável
no olhar.
Há o cheiro a relva cortada dos jardins,
a temperatura amena. Passam as horas
dentro da minha morte
executo movimentos contra a inércia,
sei que tenho um ar sombrio
e deixei de existir nos teus braços.


 
 
Isabel de Sá


Repetir o Poema, edições Quasi, 2005.

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