NO TEMPO das redes sociais, David Bowie foi a primeira grande estrela da história da música popular a falecer. Isso foi notório não só nas nossas« timelines» mas também no volume de tráfego que aconteceu naquela segunda-feira e nos dias seguintes. Os utilizadores do facebook descarregaram a sua dor com telediscos e imagens.(...) É óbvio que tomamos isso como sendo natural. Faz parte dos nossos dias. É o que a tecnologia permite e é isso que fazemos. O que não é natural é deix...armos cair no esquecimento a maior lição que David Bowie nos deixou nestes últimos 50 anos. Se há uma ideia que fica bem clara, não só nos seus discos mas também em todas as suas fotografias, filmes em que participou, ou roupa que escolheu, foi a capacidade de podermos olhar para o outro. A liberdade de poder ser diferente. Um humano pode ser um alien, Um homem pode ser uma mulher. Um pecador poder ser, afinal de contas, ser um santo. Nada é mais essencial na herança que Bowie nos deixou do que essa capacidade de podermos ser o que quisermos. Heróis, inclusivamente.
Na América do Norte chamaram-lhe contracultura. E tanto valia para a arte como para a política. Foi assim que foi rejeitada a Guerra do Vietname. E também era assim que um artista se impunha: fazendo o público olhar para o outro lado. Investindo numa identidade que não tinha par e que, por isso era apreciada ou, então, rejeitada. (...) Ora não é nada disso que hoje sucede. Andar a caçar «likes» no Facebook, ou pretender que todos gostem dos conteúdos que supostamente publicamos, é precisamente o contrário de afirmar uma escolha. É acreditar que não há outro caminho senão o da aclamação das massas que é, sem dúvida, o caminho mais fácil. Mas é esquecer que pode existir outra via, provavelmente cheia de pedras, que não é exactamente a mesma. Foi esse caminho que David Bowie nos apontou. (...)
Na América do Norte chamaram-lhe contracultura. E tanto valia para a arte como para a política. Foi assim que foi rejeitada a Guerra do Vietname. E também era assim que um artista se impunha: fazendo o público olhar para o outro lado. Investindo numa identidade que não tinha par e que, por isso era apreciada ou, então, rejeitada. (...) Ora não é nada disso que hoje sucede. Andar a caçar «likes» no Facebook, ou pretender que todos gostem dos conteúdos que supostamente publicamos, é precisamente o contrário de afirmar uma escolha. É acreditar que não há outro caminho senão o da aclamação das massas que é, sem dúvida, o caminho mais fácil. Mas é esquecer que pode existir outra via, provavelmente cheia de pedras, que não é exactamente a mesma. Foi esse caminho que David Bowie nos apontou. (...)
BLITZ
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