quinta-feira, 3 de março de 2011







NARCISO



Sur l'eau bleue et blonde
Et cieux et forêts
Et rose de l'onde
P. Valéry



"Quando me dizes 'Vem!', já eu parti

e já estou tão próximo de ti
que sou eu quem me chama e quem te chama
e é o meu amor que em ti me ama.

Se me olhas sou eu que me contemplo
longamente através do teu olhar
e moro em ti e sou o lugar
e demoro-me em ti e sou o tempo.

Eu sou talvez aquilo que me falta
(a alma se sou corpo, o corpo se sou alma)
em ti, e afogo-me na tua vida
como na minha imagem desmedida:

Sol, Lua, água, ouro,
horizontalidade, concordância,
indiferente ordem da infância,
união conjugal, morte, repouso."


Manuel António Pina, Cuidados Intensivos, Afrontamento, Porto, 1994

MASSIVE ATTACK - UNFINISHED SYMPATHY

contabilidade de valter hugo mãe


Poema com dedicatória de valter hugo mãe

maldição contra quem não ama quem deve

para a isabel de sá e para a graça martins

o grande amor da sua vida não era aquele homem. tinha-se guardado, quando nova, para um rapaz que vira retirar da mão uma flor. foi por ter visto tal magia que julgava virem as flores da vontade dele e lhe pôs o coração em pensamento. à noite, no silêncio mais absoluto, achava que por dentro o sangue revirava em espirais como pétalas juntando-se. e era verdade que o quarto se perfumava para espanto dos seus familiares. assim, casada com aquele homem, ela pensava apenas que um dia tudo mudaria. à custa dessa ideia, cortou-lhe a cabeça e viu-o morrer sem perder a convicção de que o futuro lhe traria a mais absoluta alegria.

contabilidade, poesia 1996-2010». alfaguara, novembro de 2010, capa com fotografia de nelson d'aires.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Fotógrafa Sufragista MADAME YEVONDE




O teatro e as festas preencheram a infância da menina Yevonde Cumbers, nascida em Londres, em 1893. A política movimentou a sua adolescência, quando aderiu ao movimento sufragista, pelo direito ao voto feminino. As duas etapas foram fundamentais para a formação do trabalho fotográfico de Madame Yevonde (1893-1975), uma das pioneiras da fotografia colorida. A reflexão sobre novos modelos sociais para a mulher é o tema das suas fotografias.
Retratista da aristocracia britânica dos anos 20 foi pioneira na desmontagem do papel que a mulher representava na sociedade. Yevonde perturbou a conservadora sociedade britânica retratando as damas da alta sociedade como deusas gregas. Realizou trabalhos editoriais e publicitários, com clara influência surrealista. Iniciou a sua carreira como fotógrafa apenas com 21 anos.

MADAME YEVONDE


As Mulheres Fatais e as outras...


























































































































































Casa das Histórias - Cascais - exposição de obras seleccionadas por Paula Rego. Colecção do British Council.


MY CHOICE - Escolha de PAULA REGO

10 de Fevereiro - 12 de Junho
horário - 10h./18h.

Foto de Madame Yevonde

sábado, 19 de fevereiro de 2011

3 Fotos de Hedi Slimane





Atravessar o deserto e sobreviver...


A FRESH START

É amanhã. O constrangimento da conservadora a perguntar

- porquê? porquê?

e eu pequena, tal como na 3ª classe, timidamente a responder à professora.

Não tenho medo hoje porque o tempo passou. Da mesma forma que o nosso também. O nosso tempo passou e acabou e amanhã seremos duas pessoas adultas que se conhecem a dizer adeus. Com a maturidade da idade adulta sem o medo das crianças.


A fresh start, vai fazer-nos bem.


Inês Leitão

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Pinturas de Rui Paes









Poema de Arthur Rimbaud



O QUE DORME NO VALE


É uma cova de verdura onde canta uma ribeira
Prendendo loucamente às ervas farrapos
De prata; nele brilha o sol, do alto da montanha
Orgulhosa: é um pequeno valado que espuma farpas.

Um soldado jovem, de boca aberta, cabeça nua,
E a nuca mergulhando nos frescos agriões azuis,
Dorme; está estendido na relva, a céu aberto,
Pálido no seu leito verde onde chove aluz.

Com os pés nos gladíolos, dorme. Sorrindo como
Sorriria uma criança doente, dorme um sono:
Natura, embala-o junto ao peito: ele está frio.

Não há perfume que faça estremecer suas narinas;
Dorme ao sol, a mão sobre o peito
Tranquilo. No lado direito, tem dois buracos vermelhos.



O RAPAZ RARO, iluminações e poemas, tradução de Maria Gabriela Llansol, Relógio D'Água, Lisboa, 1998

Trabalhos de RUI PAES

www.ruipaes.com






















































Com o corpo todo à espera
entro para a neblina.
Alameda vazia, silêncio.
Casas erguidas
para fazer um caminho.

Com o corpo todo à espera
chamo-te, sem saber o
nome, sem luz, sem imagem.
Fantasmas prolongam
os passos, adiam a casa.

Com o corpo todo à espera
silencio a vontade
de me aproximar, viver.
Respiro a humidade
do nevoeiro, sempre à espera.



JOÃO BORGES


AO VENTO EM TERRAMOTOS, edição cofre nocturno, Lisboa, 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

14 DE FEVEREIRO - O TAL DIA



OS PÁSSAROS BEIJA- FLOR NESTE 14 DE FEVEREIRO

Dia do Amor, da Paixão, do Desejo. Dia que comemora os vínculos afectivos que homens e mulheres constroem ao longo das suas vidas. Também as Amizades Especiais coloco neste dia. Essas amizades que respiram o desejo e dão provas de amor contínuamente...