Gerações inteiras de jovens cresceram na convicção de que wilhelm Reich tinha razão: para este autor, tal como para eles, a revolução sexual tinha de ser o preâmbulo da revolução política, e a superação da normalidade sexual defendida pela classe burguesa era apenas o ponto de partida de uma nova ordem social.Os acontecimentos que se seguiram a Maio de 68 contradisseram definitivamente o mestre: à desordem sexual dos últimos vinte anos seguiu-se a ordem social, pelo menos na Europa Ocidental. Porque falta demonstrar ainda que teria acontecido do mesmo modo no Leste europeu não ainda liberto ou no Islão.(...)Em vez da revolução, a libertação sexual trouxe consigo a banalização da sexualidade. Da queda dos tabus derivou uma mudança de estado no fenómeno da transgressão: de fantasia erótica a comportamento compartilhado pela maioria da população. Ao ponto de dois estudiosos como Bruckner e Finkielkraut afirmarem que pôr em acção a perversão é a última esperança que resta para obviar a banalidade de uma sexualidade agora demasiado fácil. O fantasma erótico é deste modo substituído pela experiência, mas sem que isso o fixe no estádio de estrutura perversa. (....)
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