sábado, 31 de janeiro de 2009

F.SCOTT FITZGERALD

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A FENDA ABERTA


Fevereiro de 1936

Claro está que a vida é, toda ela, um acto de demolição, mas o estrago que os lados dramáticos do trabalho fazem - os grandes e súbitos impulsos que chegam, ou parecem chegar, de fora - os que ficam de memória e achamos responsáveis pelas coisas e em momentos de fraqueza contamos aos amigos, não produzem logo de seguida efeito. E estragos há de outra espécie, chegados de dentro - que apenas sentimos tarde de mais para terem remédio, seja ele qual for, e só notamos em definitivo quando já deixámos de ser, de certo modo, o que éramos. A primeira destas rupturas, digamos assim, parece rápida - mas a segunda vai-se dando quase sem ser notada para tomarmos depois e repentinamente, consciência dela.

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A Fenda Aberta, Hiena Editora, Trad.Anibal Fernandes, Lisboa, 1986

2 comentários:

Pedro S. Martins disse...

A vida é uma travessia de rupturas com um prazo de validade que, quando alcançado, é sinónimo do estrago
menor de todos,
a morte.

Graça Martins disse...

Tem razão Pedro
Eu sou por natureza genética uma pessoa optimista.
E depois sou uma optimista informada.
Sensibilizo-me com as estruturas que racham, perante as adversidades da vida. Gosto de desatar os nós e perceber essas cabeças. Um prazer de psicanalista que gostaria de ser...tento colocar na minha pintura a chave de alguma análise.
Obrigada pela visita e pela linkagem do blog.
Graça