terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Poema de João Borges
Gosto de andar nu pela casa. Estou farto de me esconder. Mas que sangue me percorre as veias?
O meu quarto cheira a fumo porque ardo constantemente. Deito-me a cantar baixinho. Quis mãos de muitos corpos, mas o meu fundo é negro. Pouco ou nada me pertence. Morrerei e as cinzas ficarão nas ondas onde corpos que tanto desejei se irão banhar.
Que sono me fecha os olhos, que morte? De onde vem, agora, este colapso.
Estou sempre com sede, nunca me canso de beber. Visto-me de preto porque a luz me incomoda. E nunca digo”É agora”. Nunca senti que pudesse ir.


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