sexta-feira, 22 de agosto de 2008

SARAH LUCAS

Instalações de Sarah Lucas e foto da artista no seu retrato - instalação.
As caricaturas e as tragicomédias apresentadas por Sarah Lucas convencem através da sua linguagem insistente, precisa e segura.Uma das artistas contemporâneas que, a par de Cindy Sherman e Louise Bourgeois, revela o seu mergulho no universo feminino, desconstruindo os arquétipos e conceitos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008


Retrato de Sarah Lucas






SARAH LUCAS
O ARTISTA DAS MULTIDÕES
Desde 1992 que Spencer Tunick documenta a nudez de multidões. As suas instalações consistem em dezenas ou mesmo centenas de figurantes voluntários que posam em locais públicos; sendo as fotografias um documentário do evento em si.




O FUTURO DO AMOR

Quando a Alma Entra
À medida que nos dirigimos para as relações com alma, surgem inúmeras questões prementes. Se a alma estiver no comando, quais serão os atributos que definem uma relação? Como saberemos se a relação é "boa", reconfortante, correcta ou valiosa nas nossas vidas correntes?Como saberemos se determinada relação serve verdadeiramente o percurso da alma ou o desenvolvimento da nossa personalidade, que não é apenas um desvio que faríamos melhor em evitar? (...)O amor é o trabalho da alma, mas para que assim seja, temos de fazer primeiro o trabalho da personalidade, que requer auto-consciência. A auto-consciência é conhecer-se sensata, verdadeira e profundamente, e agir segundo esse conhecimento. As novas relações apelam a que deixemos os padrões passivos do passado para nos tornarmos nitidamente conscientes. Significa isto que em vez de tropeçarmos nas verdadeiras questões ou no verdadeiro significado das nossas relações depois de terminadas, somos convidados a estar conscientes delas no desenrolar de cada relação. Isto também nos encoraja a assumir a reponsabilidade pela vida sendo mais conscientes na escolha das relações. Em vez de nos limitarmos a apresentarmo-nos casualmente a quem quer que apareça para qualquer relação que surja sem se saber como nem donde, temos de nos consciencializar de que cada momento das nossas vidas é precioso e que cada transformação que partilhamos com outra pessoa é um sopro irrepetível de vida. (...)
VIVACIDADE
A vivacidade é energia. É o sumo, a vitalidade e a paixão que desperta as células todas as manhãs. É o que faz com que nos apeteça dançar. É a energia que conduz uma relação do statos quo para algo mais grandioso e muito mais expansivo, algo que faz os corações baterem mais depressa, as mentes e os olhos abrirem-se mais do que nunca. Tudo tem interesse para uma pessoa verdadeiramente viva, quer seja um desafio, um momento de amor, um instante de tristeza ou um relance de beleza. Enquanto vivemos, é a nossa vivacidade que cria desenvolvimento, mudança, alegria e possibilidade. A vivacidade é a própria vida. Portanto, se a relação que mantém no momento ou que planeia para o futuro não tem vivacidade - de modo a fazer com que se sinta animado, indómito, extremamente sereno, belo, pensativo, apaixonado, aberto, ousado, sensual e sensível - então talvez deva continuar a procurar. Para ser digna da sua alma, uma relação deve proporcionar-lhe a sensação de que tanto voçê como ela estão vivos - e continuam a renascer continuamente. A vivacidade numa relação é a sensação de que algo está a acontecer, de que há uma evolução em curso, de que juntos chegarão a algum lado. Quando uma relação tem vivacidade, tudo nela vos aproximará um do outro, permitirá que se conheçam melhor, que se sintam mais ligados com o passar do tempo.
Daphne Rose Kingma, psicoterapeuta e especialista em relações amorosas

Isabel de Sá, acrílico e colagem s/tela

terça-feira, 19 de agosto de 2008

GRAVATA E JARROS


Graça Martins, acrílico s/tela

GEORGE SAND

COLETTE
Mulheres & Gravatas
Durante muito tempo, as mulheres só usaram gravata - a graciosa lavallière - por simples coqueteria. No século XIX, quando se exprimiram as primeiras ideias feministas, a gravata - mas desta vez à maneira dos homens - tornou-se para as mulheres um dos meios de afirmar a sua emancipação. Georg Sand e Flora Tristan, que se vestiam à homem e portanto usavam gravata, foram das primeiras a desafiar as convenções. (...) A evolução visível , do estatuto da mulher esteve na origem, antes da I Guerra Mundial e durante os «anos loucos», de uma masculinização acentuada do vestuário feminino. No extremo dessa tendência, nada ou quase nada distinguia, em matéria de aparência, a garçonnette do homem; usava cabelo curto, casaco, calças, camisa e gravata. Mas essa moda de pura imitação só foi seguida por um pequeno número de citadinas, levadas pelo perfume de escândalo que emanava de algumas criaturas fascinantes que mais ou menos abertamente exibiam a sua homossexualidade, como Rachilde, Nathalie Barney ou Colette.
O uso de gravata pelas mulheres mudara, pois, radicalmente de natureza: a gravata, a princípio simples ornamento de renda e colorido para seduzir os homens, tinha-se tornado pouco a pouco a maneira de elas afirmarem a sua igualdade. (...).
François Chaille, escritor
«O facto de eu me apresentar de manhã no escritório com uma gravata vulgar às riscas fala por si, assim como o facto de eu a substituir de repente por uma gravata psicadélica, e fala por si o facto de eu ir à reunião do conselho de administração sem gravata.»
Umberto Eco

«Experimente dizer a um homem
que gosta da gravata que ele usa
e verá a personalidade dele desabrochar como uma flor.»

Countess Mara (estilista americana dos anos 40)


«Uma gravata com o nó bem feito
é o primeiro passo sério na vida.»

Oscar Wilde


Breve História da Gravata
Desde que as profundas mudanças sociais e culturais dos anos 60 e 70 modificaram sensivelmente os códigos de vestuário, a gravata - com poucas excepções - deixou de ser uma obrigação para o homem. Para muitos dos que a usam, a menos triste das peças da indumentária masculina tornou-se uma fonte de prazer. Prazer de um belo tecido, mas sobretudo prazer de se exprimir , de comunicar aos outros, com todos os matizes que se impõem, a verdade profunda ou passageira da alma de cada um. Pela variedade dos nós, até ao início deste século, e pela variedade das cores e dos motivos desde então, a gravata, único toque de fantasia consentido a todos os homens, qualquer que seja a idade ou a condição, ofereceu-lhes sempre uma linguagem. Por ser em si absolutamente inútil e porque, além disso, se tornou facultativa, a gravata designa, antes de mais, a personalidade daquele que a usa. «Uma peça de vestuário útil, por exemplo o colete, é precisamente por ser útil, insignificante», escreveu Alberto Moravia. «(...)O homem moderno já só tem um acessório que lhe permite revelar a sua própria visão do mundo, assinalar a sua presença própria: a gravata.»
Francois Chaille, escritor

Pedro Homem de Mello
Véspera

Seríamos dois faunos sobre a praia,
Batidos pelo vento e pelo sal,
Tendo por manto apenas a cambraia
Da espuma
E, por fronteira ,
O areal.

Gémeos de corpo e alma,
Ver um era ver o outro:
A mesma voz,
A mesma transparência,
A mesma calma
De búzio, intacto, em cada um de nós!

Felicidade?
Não!
Inconsciência!

E as nossas mãos brincavam com o lume
À beira da impaciência
Ou do ciúme.















Isabel Lhano, acrílico s/tela
Eugénio de Andrade
Nas Ervas

Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura,
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso,
descer aos flancos, enterrar

os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta

aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão,

Porque é terrível
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve,

abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho-
a glande leve.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Duas fotos de Robert Mapplethorpe



Gastão Cruz

Revimos a grosseira superfície do
amor
Ninguém pudera corrompê-la tanto
por actos e palavras Estivemos
novamente deitados na aspereza
do seu leito
Um ramo na mão tinhas e quiseste
medi-lo com os lábios e metê-lo

no centro doloroso do teu corpo
Eu via as tuas mãos que procuravam
inseri-lo e guardavam
nas linhas ávidas o seu limite grosso
Interrompeste o
sono magoado do meu corpo
e comigo
dormiste sobre as manchas depois
Egon Schiele - início do expressionismo


Maria Teresa Horta
Segredo

Não me contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
Forbela Espanca
Volúpia

No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade...
A nuvem que arrastou o vento norte...
-Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...
O Beijo de Klimt - do Simbolismo para a Arte Nova


Mário de Sá-Carneiro
A Inigualável

Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...

E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...

Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...

Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...

Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...

- Água fria e clara numa noite azul,
Água , devia ser o teu amor por mim...
Carícias de Fernand Khnopff, 1896, pintor simbolista


GEORGES BATAILLE
O Erotismo o proibido e a transgressão
(.....) No momento de dar o passo, o desejo lança-nos para fora de nós, não podemos mais, o movimento que nos arrasta exige que nos quebremos. Mas o objecto desse excessivo desejo, diante de nós, liga-nos à vida que o desejo ultrapassa. Como é doce permanecer longamente perante o objecto do desejo, mantermo-nos em vida no desejo, em vez de morrer indo até ao fim, cedendo ao excesso da violência do desejo! Sabemos que a posse desse objecto que nos faz arder de desejo é impossível. Sabemos que uma de duas coisas sucederá: ou o desejo nos consome, ou o objecto dele deixará de nos abrasar. Só o possuímos sob a condição de que , pouco a pouco, o desejo que ele nos dá se apazigue. Mas antes a morte do desejo do que a nossa morte! Satisfazemo-nos com uma ilusão. A posse do objecto do desejo dar-nos-à sem morrer o sentimento de ir até ao fim dele. Não apenas renunciamos a a morrer, como anexamos o objecto ao desejo, que realmente era desejo de morte, mas que anexamos à nossa vida permanente. Em vez de perder a vida, enriquecemo-la.
Na posse acentua-se o aspecto objectivo do que nos tinha levado a sair dos nossos limites.
(.....) Passo agora a outro elemento, que, embora mais obscuro, não intervém menos no reconhecimento da beleza dum homem ou duma mulher. Um homem ou uma mulher são, em geral, julgados tanto mais belos quanto mais as suas formas se afastam da animalidade.
(.....) Se a beleza, cuja perfeição rejeita a animalidade, é apaixonadamente desejada é porque nela a posse introduz a mancha animal. É desejada para ser manchada. Não por si mesma, mas pela alegria gozada na certeza de a profanar.
Georges Batailles, Moraes editores, tradução - João Benard da Costa, 1968

domingo, 17 de agosto de 2008


Imateriais os teus olhos perseguem-me, próximos do mar. E se em ti o Sol se põe, quero entardecer, na superfície húmida da tua pele.O arrepio de ti, o olhar que o prolonga. Tens os meus versos loucos. Palavras sujas. As trevas que a luz não cura.

João Borges, 2008

Este foi o nosso último abraço. E quando,
daqui a nada, deixares o chão desta casa
encostarei amorosamente os lábios ao teu copo
para sentir o sabor desse beijo que hoje não
daremos. E então, sim, poderei também eu
partir, sabendo que, afinal, o que tive da vida
foi mais, muito mais, do que mereci.

Maria do Rosário Pedreira



Caminhas na praia. As sandálias nas dunas
junto à erva agreste de outros dias. O sol
não te queima, não te fere os olhos ao meio-dia.
Soletramos o amor com a letra mais pequena de uma língua
acabada de inventar. Sabem as gaivotas. Sabe o mar.
Era uma vez. Era assim que te agasalhava a noite
e me enrolava nos teus olhos para encontrar
a luz. Não é com a memória que caminho.
As manhãs são de névoa como as camarinhas
que cresciam nas dunas. Com quem posso
agora falar de camarinhas? Saborear o gosto
das bagas e dos risos. Vamos apanhando conchas,
castelos, príncipes, borboletas. Vamos perdendo
o que encontramos. As mãos vazias. Os passos leves.
Os olhos crescem como a erva nas sandálias.

Rosa Alice Branco, Desfocados pelo vento, Quasi Edições, 2004

sábado, 16 de agosto de 2008


Foto de Graça Martins
As nossas mãos

Num segundo, a tua vida rasgou a minha. Desci a rua, balbuciando palavras desconhecidas, a vida não me havia ensinado a morrer. As nossas mãos tinham-se separado, o meu sorriso não era teu.

João Borges, 2008

Na fidelidade

O que une a fidelidade à paixão é uma luz invisível
no centro de um rosto, filigranas, telas de uma memória
difícil. O que une a fidelidade à fidelidade da
paixão é o limite em que se adormece. Mas não

se desperta dessa luz. Se me prendes, eu fujo no
mar, corro nas falésias, nos perigos da morte e do
entardecer. Se eu te prendo, morro repentinamente
sem dizer toda a verdade sobre o que o mar oculta.

Francisco José Viegas, Desfocados Pelo Vento, Quasi Edições, 2004
BJORK
fotos de João Borges, Zambujeira do Mar, 2008













No corpo esvoaçam as ideias,
como se fossem pássaros perdidos.
Não se vêem as asas nem os vultos
inumeráveis no trajecto, só
as formas que desenham, geométricas
aparições mentais, e a ilusão
das aves que, perdidas, se parecem
a conjuntos de ideias. Da miragem
em tensas conversões, o corpo emana
abstracta figura, erecta e fria

Luís Adriano Carlos, Invenção do Problema, Moraes Editores,1986
















MADONNA

A VERDADEIRA RAINHA DA POP NASCEU HÁ 50 ANOS

Quando chegou a Nova Iorque, Madonna avisou logo que vinha para "conquistar o mundo". Madonna nasceu com a própria cultura popular que a consagrou, afinal, ainda hoje.A história da música popular é também a história das suas relações, muitas vezes tensas, quase sempre ambíguas e perversas, com as instituições, comportamentos e valores dominantes. E, nesse aspecto, a criadora de Like a Virgin tem muito para contar.

Revista do JN

sexta-feira, 15 de agosto de 2008




O HERÓI

Foi a vez de Há Lodo no Cais
em 1954. O genial Marlon
que também é Brando, amante
de pombos, martiriza-se até
à denuncia da tirania. Faz-se
pessoa gerando a solidariedade.
O herói da dureza,
da semidelinquência, é um homem
ferido, de algum modo traído
pela teia da vida.
Na juventude a cabeça sumptuosa
é escultura carnal. Na maturidade
de O Último Tango, o sedutor
de humor variável mata
a beleza num gesto borderline.

Isabel de Sá, Repetir o Poema, edições quasi, 2005
Marlon Brando viveu a libertação sexual muito antes do resto das pessoas
"Brando foi a estrela mais original do mundo do cinema. Bissexual assumido, seduziu mais mulheres e homens do que qualquer outro actor de Hollywood. Os seus encontros secretos com figuras como Greta Garbo e Gary Grant são relatados com naturalidade,(....) Pela cama de Brando passaram famosos e engates desconhecidos, incluindo quase todas as nipónicas ligadas ao filme "Sayonara".
Os pormenores da sua complicada mas duradoura relação amorosa com Marilyn Monroe são revelados pela primeira vez, assim como o breve mas intenso romance com Vivien Leigh. Se não tivesse existido, nenhum romancista teria criado uma personagem tão imensa e desmedida."
texto da contracapa da BIOGRAFIA : "BRANDO mas pouco"




Hoje pode-se adquirir uma BIOGRAFIA espantosa de MARLON BRANDO,
nas tabacarias, com o Público.
título : "BRANDO mas pouco"
autor: Darwin Porter
editora - Pedra da Lua, Agosto 2008
Brando a nu
é um relato dos anos 1950 capaz de escandalizar os anos 2000 ao ritmo de uma revelação por página. Podia ser um filme porno, é uma biografia: "BRANDO mas pouco", retrato de um monstro de sensualidade que usou o corpo para dominar os outros.
Palavras de Kathleen Gomes
A ípsilon dedica algumas páginas à BIOGRAFIA