sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Poema de ISABEL DE SÁ

O PÓ NEGRO DA CIDADE

As árvores das grandes avenidas
estão cheias do pó negro
do ruído da cidade.
Somos peças da engrenagem;
o homem dos impostos, os trolhas,
o funcionário do banco
que fala comigo, porque se aborrece.
Todas as manhãs, o aspirante
a poeta cumpre um horário
à mesa do café.
Motorizadas, raparigas fumam
a caminho do emprego. O gasóleo
dos transportes públicos e dos
automóveis mais potentes. O luxo
exibido ao fim da tarde. Passam
grupos de pretos
elegantemente vestidos, passeia-se
a loira da hospedaria. A s outras,
pobres, dementes, sentam-se na berma
da estrada. E, no shopping, na loja
de video um velho de aspecto reles
com gel nos cabelos e gravata vermelha.
O pai de família com a sua máquina
de filmar, os cartões de crédito,
o automóvel a prazo.

Saem das barracas, dos bairros
infectos, crianças que emigram
para junto dos semáforos. Vendem-se
na rua adolescentes ainda
de aparência saudável.
Comboios apitam, o vento mudou,
nublou-se o céu. O povo tem
uns trocos, vai a todo o lado.
Tem aquele gosto ofuscante
no vestuário e cospe para o chão.
Na classe política muitos javardos
aprendem com o livre trânsito.
Aparentam serenidade, apenas
um sorriso para encobrir a vergonha,
a pobreza de sermos tão sós. Os hotéis
de luxo repletos de turistas
da Comunidade. Vestem calções,
calçam chinelos de piscina, sentem-se
à vontade na pátria de Camões.

Os rapazes pedem moedas para o almoço,
o jantar, colam-se aos carros, não admitem
a privacidade do cidadão. Andam drogados,
já muito doentes, a boca podre.
Ainda existe o engraxador
perto da estação. Palito entre os dentes,
umas garrafas misturadas ao ofício.
O advogado, o doutor em letras
atravessam a praça compenetrados
na importância do seu papel. O fato,
a gravata, a pasta a estoirar
de documentos. Talvez no meio da confusão
haja uma carta sentimental, a foto
do filho recém-nascido: um futuro
qualquer para iludir a vida mercantil.

13ºlivro-Erosão de Sentimentos, 1997, Repetir o Poema, Quasi Edições, 2005

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Morreu o meu primeiro Galerista
JAIME ISIDORO 1924 -2009






Um dos fundadores da Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira
Jaime Isidoro, pintor, galerista e fundador da Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, morreu esta madrugada, no Porto, aos 84 anos. Nascido a 21 de Março de 1924, Jaime Isidoro estudou desenho e pintura na Escola Soares dos Reis, no Porto, e realizou na sua cidade a primeira exposição individual em 1945, no então designado Salão Fantasia (na Rua 31 de Janeiro). O Porto foi o tema principal dos seus quadros, principalmente aguarelas, mas Isidoro destacou-se também na cidade como galerista e divulgador de arte, nomeadamente através da Academia e Galeria Alvarez, que fundou em meados da década de 50, e, mais tarde, com a Galeria Dois, na Boavista.
Publico, 21 de Janeiro

ANTONY AND THE JOHNSONS FOR PRADA

PINTURA DE AUGUSTO CANEDO




terça-feira, 20 de janeiro de 2009

UM DIA PARA A HISTÓRIA


VIVA OBAMA

Danilo Nacarato 08 - Filme de Kitesurf



Como já estamos fartos do Inverno e deste frio, este filme lembra o Verão.

O protagonista é o meu aluno Danilo Nacarato. Obteve o 2º lugar no Ranking geral do Campeonato Português de Kitesurf em 2008.

Só é pena existir uma arma neste filme. Continuo a não concordar com este tipo de efeitos visuais.





















PORTUGAL - O TAL QUE ESTÁ MAL

Neste país de anedota, o medo já se instalou nas cabeças dos crentes.
As missas começaram. A tentativa de impedir a aprovação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo é o grande objectivo da Igreja.
Esperam ansiosos pela aparição da Nossa Senhora, para os orientar nas estratégias contra uma sociedade mais plural e menos fundamentalista.


sábado, 17 de janeiro de 2009

LIGHT MY FIRE - THE DOORS

Onde tudo começou e o incêndio continua...

WAKE UP ALONE - AMY WINEHOUSE

Uma voz fantástica que retrata bem a instabilidade da vida e da paixão.

Filme - Porteiro da Noite de Liliana Cavani

Interpretação indescritível de Dirk Bogarde e Charlotte Rampling







Foto de Ana Margarida por Graça Martins
"LÍDIA" de RICARDO REIS

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)


Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.


Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.


Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.


Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.


Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento
‹Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.


Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.


E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim
‹ à beira-rio,

Pagã triste e com flores no regaço.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Poema de João Borges
Gosto de andar nu pela casa. Estou farto de me esconder. Mas que sangue me percorre as veias?
O meu quarto cheira a fumo porque ardo constantemente. Deito-me a cantar baixinho. Quis mãos de muitos corpos, mas o meu fundo é negro. Pouco ou nada me pertence. Morrerei e as cinzas ficarão nas ondas onde corpos que tanto desejei se irão banhar.
Que sono me fecha os olhos, que morte? De onde vem, agora, este colapso.
Estou sempre com sede, nunca me canso de beber. Visto-me de preto porque a luz me incomoda. E nunca digo”É agora”. Nunca senti que pudesse ir.




Poema de João Borges

COISAS QUE ME ULTRAPASSAM

Daqueles dias em que acordo
e demoro horas até
finalmente me levantar.

É doloroso
reentrar no mundo.
Recuperar do apagão da manhã,
em apenas cinco minutos dizer
“Isto é a vida”

Deixar que o dia aconteça
e pereça sobre mim.

Esta noite talvez vá a algum bar,
rodeio-me de amigos
e perco a noção de como tudo
foi penoso.

Não percebo como
“Isto é a vida”

Ninguém me sabe dizer
que lugar é o meu.

Onde encaixam
os meus passos:
há sempre Douro e há sempre
Santa Catarina ou o Almada,
há sempre dormir em camas
que se transmutam.
Enfim, há sempre por
onde escapar.

Um dia, direi que estava
perdido.

Verei a beleza da chuva, absoluta.

Agarrei-me a um lugar
perdido no meu corpo, para não
me lembrar de coisas

que me ultrapassam.
Metáforas, sílabas: máscaras.
Nunca poderei sentir
isto por mais ninguém.
É inevitável que adormeça
mal e sobre ti.

Acorde desses
pequenos nadas,
dizendo
“Isto é a vida”



domingo, 11 de janeiro de 2009

VAN GOGH ON STEROIDS

Vincent Van Gogh à solta no Counter-Strike

Como é possível existir uma arma nestas imagens!!!!

Quem seria o cérebro destituido a ter esta ideia peregrina ???

Imagens fantásticas dos quadros de Van Gogh utilizadas num jogo para crianças.

sábado, 10 de janeiro de 2009

João Luís Carrilho da Graça - Teatro e Auditório de Poitiers














João Luís Carrilho da Graça - Escola Superior de Música de Lisboa

































Fotos de Fernando Guerra

ARQUITECTO CARRILHO DA GRAÇA





CARRILHO DA GRAÇA VENCE PRÉMIO PESSOA 2008

Talvez o maior elogio que se possa fazer a João Luís Carrilho da Graça seja reconhecer nos seus mais recentes projectos uma recusa em se sujeitar a um espartilho de estilo ou linguagem. No novo edifício da Escola Superior de Música de Lisboa encontramos um extraordinário entusiasmo pela arquitectura, uma expressividade coerente de raiz mais programática que formal, um carisma mediterrânico traduzido na ascensão hierárquica do espaço comunitário, no sentido de convergência do lugar, dos pátios, da luz, da privacidade. Se Carrilho da Graça mantém a firmeza elegante do traço, a doutrina que a motiva é agora muito mais implícita do que explícita e as formas que dela nascem tornaram-se mais livres e exploratórias. Também no recente Théâtre & Auditorium de Poitiers Carrilho da Graça assume a clareza da textura dos materiais e a presença saturada da cor para desenvolver uma obra coesa - da dimensão urbana à escala arquitectónica, para se prolongar no detalhado design do interior, na plasticidade expressiva da sinalética e na exposição sem pudor da infra-estrutura.Não será a investigação conceptual do grande palco de Poitiers a razão para a presente atribuição do Prémio Pessoa. Estará certamente na base dessa distinção um sentido mais magnânime de encanto pela solenidade da obra de Carrilho, cujo exemplo maior será o Pavilhão do Conhecimento dos Mares e que hoje se apura no seu regresso ao Alentejo, materializado na nova Igreja de Portalegre. Mas um mestre não é apenas um autor com longa prática e estilo coerente. Um mestre é alguém que se desafia a cada obra e nos ensina a descobrir a dimensão transcendente da arquitectura que transforma o inerte em forma de arte. A obra recente de Carrilho da Graça revela isso mesmo, resistindo ao fluxo transitório da imagem para construir lugares com memória e sentido humano. Eis, por tudo isso, um justo reconhecimento.
texto postado no blog "a barriga de um arquitecto"Dezembro de 2008

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009


22 de Janeiro a próxima Quinta de Leitura
22h00 Café-Concerto
a natureza revolucionária da felicidade
quem deixou sobre o coração
um feixe de luz
não cega nunca

Desenho de valter hugo mãe
A poesia de valter hugo mãe

fim

tentei matar-me no dia onze de julho de
dois mil e seis. o sol era intenso mas
os meus olhos perderam de tal modo a luz,
que a própria faca brilhando se tornou
apenas um animal de dentes afiados que
me feriu os dedos mas não se deixou
apanhar. a morte fugiu-me assim. foi o
mais estranho que me aconteceu e pode
só isso ser o mais peculiar que tenho
para deixar dito, deitando por terra qualquer
obra, qualquer outro poema, que soará,
seguramente, uma redundância depois
que a vida se prolonga para lá do fracasso

(valter hugo mãe, "folclore íntimo"/Cosmorama Edições)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Video de Pedro Guimarães

Poema de Jorge de Sousa Braga

PLANO PARA SALVAR VENEZA

I
Sentei-me numa esplanada nas margens do Grande
Canal e pedi uma coca cola... É terrível chegar ao fim
do século dos refrigerantes com esta infinita sensação
de sede.

O século vinte é um vasto deserto de poços de
petróleo. Perfurei o solo da minha terra mas o que
me saiu foi um jacto de poemas.

Prospecções recentemente efectuadas revelaram que
sob as areias movediças de Veneza se encontra um
dos maiores lençóis petrolíferos da Europa.

Esta noite tive um pesadelo. Nas minhas veias não
era sangue que corria era petróleo. E acabara eu de
descobrir um poço de sangue...

Eu não estive em Awshwitz nem em Babi Yar nem
em Mai Lai. Estive sempre aqui na cama.

& a visão da primeira bomba no céu de Hiroshima:
fez-me crescer momentâneamente a água na boca
assim como a milhares de apreciadores de cogumelos.

Einstein foi uma espécie de pirilampo uma das raras
pessoas a possuir luz própria num século onde a
maioria tacteava no escuro.

24 july 1969 5 am. Neil Armstrong punha o primeiro
pé na lua. Eu dormia profundamente. E o meu sono
tornou-se nesse momento setenta quilos mais pesado.

Desde que os americanos descobriram que as estrelas
tinham pulgas que não me deixa esta comichão
sideral.

O meu século não chegou a andar de gatas. Com oito
anos já se arrastava pelas minas de carvão pouco tempo
depois combatia nas trincheiras. E as únicas
lágrimas que lhe vi chorar foram as dos gases lacrimo-
géneos.

Picasso morreu antes que pudesse levar a cabo o seu
sonho um único fresco que ocupasse não a abóbada da
Capela Sixtina mas a abóbada celeste.

Fernando Pessoa morrera muitos anos antes numa
clínica lisboeta completamente ignorado depois de ter
colocado um padrão com a cruz das quinas num dos
areais de areia mais fina do universo.

Talvez o meu século seja uma comédia banal embora
filmada por homens de talento onde algumas estrelas
se passeiam com tanto à vontade como se fosse na Via
Láctea e de que a generalidade dos participantes des-
conhece o argumento.

II
Todos os anos o Adriático cresce alguns milímetros
sobre Veneza o século vinte ameaçado pelas águas.

O que é que se pode esperar de um século que foi
construído sobre estacas?

A melhor maneira de conhecer o meu século é de
gôndola.

Cada vez mais se apodera de mim a convicção de que
a tua salvação passa pela salvação de Veneza (se é
que não são uma e a mesma coisa).

A não ser que se tomem as devidas providências
dentro em breve será celebrada na catedral de S.
Marcos a primeira missa submarina para alguns
cardumes de peixes boquiabertos.

Antes disso porém o leão alado baterá as asas e
regressará de novo a Tiro.

Calma! Não há razão para entrarem em pânico.
Veneza não será destruída pelas águas mas sim pelo
fogo.

Eu tenho um plano concreto para salvar Veneza. O
que me parece é que ninguém está disposto a colabo-
rar comigo. Estou a ser alvo de um complot e isto não
é paranóia minha. Ainda ontem os seres vermelhos e
azuis que vivem no sótão me confirmaram o facto.

Eu sou o condottiere Bartolomeo Calleoni. Hoje
apeei-medo meu cavalo e passei anonimamente pela
minha Sereníssima República.

Quando é que a Ponte del Paradiso será de novo
aberta ao tráfego?

Aproximam-se épocas de grande religiosidade. Para
me preparar vou cultivando religiosamente a cera nos
ouvidos.

Procura-se um século barbudo e de olhos claros.
Na altura da fuga vestia umas calças de bombasina
lilás um blusão negro e um lenço branco ao pescoço.
Fugiu da História porque a História era demasiado
pequena para ele.

Testemunhas oculares reconheceram-no quando
tomava um vaporetto perto de Santa Maria della
Salutte.

Hoje descobri que era a reincarnação de um doge.
Voltei a Veneza e ainda não desisti de recuperar o
meu palácio nas margens do grande canal a uma
colónia de ratos.

Eu sou a má consciência do meu século. Tenho a
cabeça cheia de ratos e não consigo ver-me livre
deles. Nenhum raticida (o trigo roxo inclusive) se
revelou ainda eficaz.

Todas as pessoas deixam uma marca indelével no
século por onde passam uma pegada na areia ou o
nome escrito em letras de oiro no pedestal de está-
tuas. A única marca que quero deixar é uma pequena
mordedura atrás da orelha.

Sentei-me numa esplanada nas margens do Grande
Canal... A meus pés corria agora um extenso caudal
de coca cola.

Jorge de Sousa Braga, O Poeta Nu, Fenda Edições, 1991

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

WANTED




Joy Division Nick Cave ou Che Guevara ???
Fotos de José Dias de Sousa por Graça Martins

Arquivo dos anos 80/90




Poema de Constantino Cavafy

Dias de 1901

Eis o que nele o distinguia tanto:
na dissoluta vida que vivia,
com tamanha experiência do desejo,
e apesar de quanto estava acostumado
a variações de idade e de atitudes,
havia ocasionais momentos - que, é claro,
eram muito raros- em que dava
a impressão da carne quase incólume.

De seus vinte e nove anos a beleza,
que o prazer tantas vezes já pusera à prova,
por momentos lembrava surpreendentemente
um jovem que ao amor - um tanto temeroso -
entrega o puro corpo uma primeira vez.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009



Fotos de José Dias de Sousa por Graça Martins

Arquivo dos anos 80/90










Poema de Jorge Sousa Braga

Carta de Amor

A Eugénio de Andrade

Um dia destes
vou-te matar
Uma manhã qualquer em que estejas (como de costume)
a medir o tesão das flores
ali no jardim de S.Lázaro
um tiro de pistola e...
Não te vou dar tempo sequer de me fixares o rosto
Podes invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz
todos os poetas celestiais
que ninguém te virá acudir
Comprometidos definitivamente os teus planos de eternidade
Adeus pois mares de Setembro e dunas de Fão

Um dia destes vou-te matar...
Uma certeira bala de pólen
mesmo sobre o coração

(in O Poeta Nu)


domingo, 28 de dezembro de 2008














Duas fotos de FREDERIK FROUMENT

Frederik Froument inicia-se na fotografia em 1994 depois de ter seguido Estudos de História de Arte. Colabora há 10 anos com a imprensa francesa e japonesa. O seu trabalho situa-se na fronteira entre o documentário e a ficção. Frederik Froument transporta para a tradição da reportagem, o seu dispositivo e vocabulario próprios, mas esses mecanismos resvalam para um universo de narração intimista em que as referências ao cinema e à literatura se revelam. Há três anos que explora o imaginário urbano através da sua série fotográfica "New Babylone Stories".


As dunas na praia de S.Jacinto
Praia de Aguda - Granja









Cordyline Stricta
O passarinho chama-se VERDILHÃO






A revelação do ano de 2008
para o Black-Hole de Camel & Coca-Cola

Um 2009 FELIZ
e a possibilidade de grandes gargalhadas, enquanto assistes ao Bruno Aleixo e amigo Busto, na Sic Radical.

sábado, 27 de dezembro de 2008

PINA BAUSCH - The Man I Love ( Gershwin)

Pina Baush a coreógrafa que revolucionou o ballet contemporâneo a partir dos anos 80. O ballet existe antes de Pina Bausch e depois de Pina Bausch.

Hoje em dia , Pina Bausch caminha em direcção à descoberta da natureza criativa mais profunda de todos os seus bailarinos. Este trabalho de conhecimento, realivamente a cada um deles, desenrola-se no âmbito de uma busca contínua, de uma naturalidade de comportamento que se exprime prescindindo de qualquer superestrutura social e cultural. Pina Bausch tende a penetrar todos os artifícios, mesmo os mais enraizados no carácter e mais definitivamente implantados. Ao trabalhar com ela, os bailarinos imergem numa relação com as próprias emoções, exacerbada até aos mínimos detalhes, num processo "de arrancar a tampa" que nunca se esgota: esta sondagem, interior ou evidente, pode chegar a ser tão sofrida e fatigante quanto apaixonante e libertadora.

Café Muller de PINA BAUSCH

A história de Café Muller : A acção é despojada e cortante. Na floresta de cadeiras vazias e gastas, pesa a angústia de uma solidão remota. Pina Bausch recorta-se ao fundo, ligeira e espectral, com uma túnica de tom claro. O passo é curto e incerto, os olhos fechados, as mãos estendidas para a frente : vidente sonâmbula , fantasma da consciência de si própria. Levada pelo som dilacerante das árias de Purcell.

Café Muller é uma lamentação de amor, uma metáfora doce e inquieta sobre a impossibilidade de um contacto profundo. é um trabalho estruturalmente simples e emocionalmente flagelante, que impressiona pela sua pureza e coerência. A desolação ambiental, o langor fúnebre, a violência da tipificação do relacionamento do casal, constituem todos elementos de verdade, de absoluta sinceridade expressiva.

Leonetta Bentivoglio - O teatro de Pina Bausch, Acarte, Fundação Calouste Gulbenkian, 1994

"Um livro abandonado numa prateleira é uma munição desperdiçada"

Henry Miller